AS DIFERENÇAS NO PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
Entender a sociedade da qual fazemos parte significa saber que existem diferenças e que precisamos olhar para elas. É muito diferente nascer e viver numa favela, num bairro rico, num condomínio fechado ou numa área do sertão nordestino exposta a longos períodos de seca. Essas desigualdades promovem formas diferentes de socialização. Ao tratarmos de diferenças temos também de vê-las no contexto histórico.
Socialização nos anos 50:
A socialização dos dias atuais é completamente diferente da dos anos de 1950. Naquela época, a maioria da população vivia na zona rural ou em pequenas cidades. As escolas eram pequenas e tinham poucos alunos. A televisão estava iniciando no Brasil e apresentava poucos programas que eram vistos por poucas pessoas. Não havia internet e o telefone era precário. Ouvir rádio era a principal maneira de saber o que ocorria em outros lugares do país e do mundo. As pessoas relacionavam-se quase somente com as que viviam próximas e estabeleciam laços fortes de solidariedade entre si. Escrever cartas era muito comum, pois era o meio mais rápido de se comunicar a longas distâncias.
Socialização nos anos 2000:
No decorrer da segunda metade do século XX ocorreram inúmeras mudanças, avanços tecnológicos nos setores da comunicação e da informação, aumento da produção industrial e do consumo e o crescimento da população urbana, que permitiram desencadear grandes transformações no mundo inteiro. Em alguns casos, alterações econômicas e políticas provocaram a desorientação das condições de vida e organização social, gerando grandes situações calamitosas. Em vários países do continente africano, centenas de milhares de pessoas morreram de fome ou se destruíram em guerras internas, o que continua a acontecer. Na antiga Iugoslávia, Europa, grupos étnicos entraram em conflitos que mesclavam questões políticas, econômicas e culturais e, apoiados ou não por outros países, mataram-se durante muitos anos numa guerra civil.
Nascer e viver nessas condições é completamente diferente de viver no mesmo local com paz e tranquilidade. A socialização das crianças “em guerra permanente” é afetada profundamente.
TUDO COMEÇA NA FAMÍLIA
Ocorrem dois tipos de processos de socialização em uma sociedade, a saber:
Processo de Socialização formal: É conduzido por instituições, como: Escola e Igreja.
Processo de Socialização informal: Este é mais abrangente e acontece inicialmente na Família; Vizinhos; Grupos de amigos; Meios de comunicação.
Família
O ponto de partida para o processo de socialização é a família, o espaço privado das relações de intimidade e afeto, em que, geralmente, podemos encontrar alguma compreensão e refugio, apesar dos conflitos. A família é o espaço onde aprendemos a obedecer às regras de convivência, a lidar com as diferenças e as adversidades.
Espaços Públicos de Socialização:
São todos os outros lugares que frequentamos em nosso cotidiano. Neles as relações sociais são deferentes, pois convivemos com pessoas que nem conhecemos. Nesses espaços públicos, não podemos fazer muitas das coisas que são permitidas em casa. Precisamos observar as normas e as regras em cada situação. Nos locais de culto religioso, devemos fazer silêncio. Na escola, onde ocorre a educação formal, precisamos ser pontuais nos horários de entrada e saída.
Espaços Públicos e privados de Socialização:
Há agentes de socialização que estão presentes nos espaços públicos e privados ao mesmo tempo: são os meios de comunicação: Cinema; Televisão; Internet; Rádio; Jornais; Revistas; Telefonia Celular.
Estes talvez sejam os meios de socialização mais eficientes e persuasivos que existem
Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010
O processo de socialização - Parte I
O PROCESSO DE SOCIALIZAÇÃO
Podemos iniciar nossa reflexão com o questionamento: O que vem primeiro, o indivíduo ou a sociedade? Os indivíduos moldam a sociedade ou a sociedade molda os indivíduos?
Socialização:
É o processo pelo qual os indivíduos formam a sociedade e são por ela formados.
A imagem que melhor descreve esse processo é a de uma rede que vai sendo tecida por relações sociais que vão se entrelaçando e compondo diversas outras relações até formar toda a sociedade.
Cada indivíduo ao fazer parte de uma sociedade, insere-se em múltiplos grupos e instituições que se entrecruzam, como a família, a escola, e a igreja. E, assim, o fio da meada parece interminável porque forma uma complexa rede de relações que permeia o cotidiano. Ainda que cada sujeito tenha sua individualidade, esta se constrói no contexto das relações sociais com os diferentes grupos e instituições dos quais ele participa, tendo por isso experiências semelhantes ou diferentes das de outras pessoas.
O que nos é comum
Ao nascer o indivíduo chega a um mundo que já está pronto, e essa relação com o “novo” é de total estranheza.
A criança vai sentir: Frio e calor; Conforto e desconforto; Vai sorrir e chorar; Enfim, vai se relacionar e conviver com o mundo externo. Para viver nesse mundo terá que aprender a conhecer seu corpo, seja observando e tocando partes dele, seja se olhando no espelho. Nesse momento ainda não se reconhece como pessoa, pois não domina os códigos sociais; é o “nenê”, um ser genérico.
Com o tempo a criança percebe que existem outras coisas a seu redor: O berço; O chão; E os objetos que compõem o ambiente em que vive.
A criança percebe que existem também pessoas: Pai; Mãe; Irmãos; Tios; Avós.
São pessoas com as quais ela vai ter que se relacionar. As crianças descobrem que existem outras pessoas que não são família e terá que aprender a diferenciá-las das que são. À medida que cresce, vai descobrindo que há coisas que pode fazer e coisas que não pode fazer. Posteriormente saberá que isso é determinado pelas normas e costumes da sociedade à qual pertence.
Processo de conhecimento do mundo
No processo de conhecimento do mundo, a criança percebe que alguns dias são diferentes dos outros. Há dias em que os pais não saem para trabalhar e ficam em casa mais tempo. São dias em que assiste mais à televisão, vai passear em algum parque ou outro lugar qualquer. Nota que vai a um lugar diferente, que mais tarde identificará como a igreja. Nos outros dias da semana vai à escola, onde encontra crianças de mesma idade e também outros adultos.
A criança percebe que existem outros lugares:
A criança vai entendo que existem outros lugares além da casa em que vive; alguns são bem parecidos com o seu, já outros não; alguns são próximos e outros são bem distantes; alguns são grandes e outros são pequenos; alguns são ricos e outros são simples ou miseráveis. Ao ver Tv percebe que existem cidades grandes e outras que são bem pequenas, novas e antigas. Descobre também que existem áreas rurais, com poucas casas, onde se cultivam os alimentos que ela consome. Aos poucos, saberá que cidades, zonas rurais, matas e rios fazem parte do território de um país, que é dividido em unidades menores, no caso do Brasil são chamados de Estados-membros. Nessa extraordinária viagem que está fazendo a criança aprenderá que há os continentes, os oceanos e os mares, e que tudo isso, com atmosfera, forma o planeta Terra, que por sua vez está vinculado a um sistema maior, o sistema Solar, o qual faz parte de uma galáxia: a Via Láctea. Esse processo de conviver com a família e com os vizinhos, de frequentar a escola, de ver televisão, de passear e de conhecer novos lugares, coisas e pessoas compõe um universo cheio de faces no qual a criança vai se socializando, isto é, vai aprendendo e interiorizando palavras, significados e ideias, enfim, os valores e o modo de vida da sociedade da qual faz parte.
Referência:
TOMAZI, Nelson Dácio. Sociologia para o Ensino Médio. 2.ed. São Paulo: Saraiva, 2010
O estudo da sociedade humana
Analise de texto.
Na analise que faremos do texto abaixo, você terá um exemplo dos aspectos que interessam á Sociologia quando seu conhecimento é aplicado para estudar um fato social.
Victor, o “Selvagem de Aveyron”
O “menino selvagem” Victor de Aveyron é um dos casos mais conhecidos de seres humanos criados livres em ambiente selvagem. Provavelmente abandonado numa floresta aos 4 ou 5 anos, foi objeto de curiosidade e provocou discussões acaloradas, principalmente na França. Onde o caso ocorreu.
Sua historia oficial começa em 1797, quando um menino inteiramente nu, que fugia do contato com as pessoas, foi visto pela primeira vez na floresta de Lacaune. Em 9 de Janeiro de 1800 foi registrado seu aparecimento num moinho em Snt-Sernein, distrito de Aveyron. Tinha a cabeça os braços e os pés nus, farrapos de uma camisa velha cobriam o resto do corpo. Era um menino de cerca de 12 anos de idade, media 1,36m, tinha a pele branca e fina, rosto redondo, olhos negros e fundos, cabelos castanhos e nariz comprido e aquilino. Sua fisionomia foi descrita como graciosas; sorria involuntariamente e seu corpo apresentava a particularidade de estar coberto de cicatrizes. Vitor Não pronunciava nenhuma palavra e parecia não entender nada do que falavam com ele. Apesar do rigoroso inverno europeu, rejeitava roupas e também o uso de cama, dormindo no chão sem colchão. Quando procurava fugir, locomovia-se apoiado nas mãos e nos pés, correndo como os animais quadrúpedes.
Estudo Sociológico de Caso
Alguns Médicos, como os franceses Esquirol (1772- 188400 E Pinel (1745- 1826), diagnosticaram o menino selvagem como idiota ( nomenclatura que hoje corresponde á deficiência mental grave). Talvez por essa razão tenha sido abandonado pelos pais.
Os médico psiquiatra Jean-Marie Gaspard Itard, diretor de um instituto de surdos-mudos, não compartilhava essa opinião dos colegas. Propôs um a questão. Quais as conseqüências da privação do convívio social e da ausência absoluta da educação social humana para a inteligência de um adolescente que viveu assim, separado de indivíduos de sua espécie? Ele acreditava que a situação concreta de abandono e afastamento da civilização explicava o comportamento diferente do menino Victor, contrapondo-se ao diagnostico de deficiência mental para o caso.
Em seu livro a educação de homem selvagem, publicado em 1801, Itard apresenta se trabalho co o menino selvagem de Aveyron, descrevendo as etapas de sua educação: ele já é capaz de sentar-se convenientemente á mesa, tirar a água necessária para beber, levar ao seu benfeitor as coisas de que necessita; diverte-se ao empurrar um pequeno carrinho e começa a também a ler. Cinco anos mais tarde já fabricava pequenos objetos e podava as plantas da casa. A partir desses resultados Itard reforçou sua tese de que os hábitos selvagens e a aparente e a aparente deficiência mental iniciais eram apenas e tão somente resultado de uma vida afastada de seus semelhantes e da civilização.
Acompanhando de perto e trabalhando vários anos com Victor para educa-lo, Itard formula a hipótese de que a maior parte das deficiências intelectuais e sociais não é inata, mas tem sua origem na ausência da socialização, na falta de comunicação com os semelhantes principalmente pela palavra. Aproximando-se da visão sociológica dos fatos sociais, o pesquisador concluiu que isolamento social prejudica a sociabilidade do individuo. E a sociabilidade é a base da vida em sociedade.
Os estudos de Itard um dos fundamentos da sociologia: os fatos sociais, embora exteriores, são introjetados pelo individuo e exercem sobre ele um poder coercitivo, já que determinam seu comportamento.
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